sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Conselhos Indígenas de Telhas e Queimadas enviam projeto para a Chamada Pública junto às Mulheres da Carteira Indígena

Os Conselhos Indígenas das aldeias de Telhas e Queimadas enviaram no último dia 20, projetos para concorrer à Chamada Pública junto às Mulheres Indígenas, promovida pela Carteira Indígena – CI. As mulheres e lideranças das duas comunidades se articularam, através de Assembléias e reuniões para deliberar quais propostas seriam enviadas para a Chamada.
Nas Assembléias foram discutidas propostas que levassem em consideração o que neste momento seria mais necessário para fortalecer a organização das mulheres nas duas aldeias. A partir deste imperativo, as mulheres de Telhas apontaram a necessidade de equipar a cozinha comunitária, tendo em vista que elas já estão produzindo alimentos para a CONAB, através do PAA, no entanto, o espaço improvisado onde produzem os alimentos não oferece estrutura adequada. Do mesmo modo, as mulheres de Queimadas também apontaram a mesma necessidade.


Reunião com as mulheres de Telhas
  
Com a promessa da FUNAI de construir as cozinhas comunitárias até dezembro deste ano, os Conselhos optaram por investir em equipamentos para melhorar a produção, bem como para diversificá-la. Caso o projeto seja aprovado, as mulheres das duas aldeias poderão produzir, além dos bolos que já fazem, doces, geléias, compotas, polpas de frutas entre outros produtos.
Além disso, a comunidade de Telhas destinou, no projeto, parte dos recursos para investir no artesanato indígena, atividade que, segundo elas, precisam ser incentivadas e apoiadas através da aquisição de ferramentas e cursos de capacitação.
Na comunidade de Queimadas, além do investimento na cozinha, foi destinado recursos para investir em meliponicultura, através de criação de abelhas jandaíra. Este investimento faz parte da consolidação do processo de transição agroecológica, tendo em vista que com a meliponicultura, pretende-se investir direta e indiretamente no fortalecimento dos sistemas agroflorestais.

Reunião na aldeia Queimadas
Outro fator importantíssimo presente nos dois projetos é o apoio a organização e ao fortalecimento institucional dos Conselhos Indígenas. Parte dos recursos será destinada para equipar a sede dos Conselhos com equipamentos de informática e móveis. Além disso, as mulheres indígenas serão capacitadas para fazer em gestão de projetos e economia solidária. Com isso, pretende-se fortalecer o protagonismo e a autonomia das comunidades indígenas de Acaraú.
As duas aldeias contaram com a assessoria dos técnicos Tiago Silva e Ronaldo Santiago, desde as discussões, na facilitação das reuniões e assembléias, até a elaboração dos projetos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cocos do Norte: Antropologia e Política Social entre os Tremembé de Acaraú

Publico aqui o link de um post do blog do colega Nino Amorim, hoje professor de Antropologia da Universidade Federal de Rondônia, que iniciou o trabalho com os índios Tremembé de Acaraú no ano de 2009, conforme consta em postagens anteriores.
Valeu Ninno!

Cocos do Norte: Antropologia e Política Social entre os Tremembé de Acaraú

domingo, 17 de outubro de 2010

Indígenas da Aldeia Tremembé de Queimadas participam do curso de Olericultura Orgânica do SENAR/CE


Um grupo de indígenas de Queimadas participou do curso de Olericultura Orgânica promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, entre os dias 12 e 16 de outubro. A proposta do curso surgiu quando o Supervisor Técnico da Instituição, Sérgio Oliveira esteve supervisionando o curso de Avicultura Básica, realizado em agosto. Na ocasião, ele foi convidado pelo técnico Tiago Silva a conhecer a área de produção de hortaliças de Queimadas, onde surgiu a proposta de realização do curso de Olericultura Orgânica, com o objetivo de aprimorar o conhecimento dos indígenas. A partir da proposta, os técnicos do CRAS e da Secretaria de Agricultura fizeram a solicitação junto ao SENAR.

 O curso veio numa hora estratégica, tendo em vista que os olericultores de Queimadas necessitavam aprender a produzir defensivo natural para combater algumas pragas que estavam agredindo as hortas. Diante da demanda gerada pelo próprio grupo, o técnico Sérgio Henrique, facilitador do curso, foi conduzindo o curso a partir da necessidade apontada pela comunidade.
Momento teórico


Fazendo o "limpo" para a construção dos canteiros

Durante os cinco dias do curso, os participantes se dividiram entre momentos teóricos e práticos, sendo o segundo e maior carga horária. Entre as técnicas ensinadas no curso, foi visto a construção de canteiros, análise e reconhecimento do solo, correção e adubação do solo, produção de defensivos naturais, compostagem.
Levantando os canteiros

Fazendo a adubação
 Ao final do curso, o grupo se reuniu e os participantes puderam avaliar principalmente o rendimento do curso e o conteúdo. Alguns índios puderam expressar a satisfação pela realização do curso, que há algum tempo era esperado. Alguns se sentiram aliviados pela eficácia dos defensivos produzidos que foram aplicados e exterminaram algumas pragas que estavam se aproximando de algumas culturas como o tomate e o coentro.

Montando a irrigação
Preparando defensivos naturais

 Com este o curso, os Tremembé de Queimadas dão mais um passo para a consolidação da produção de hortaliças e frutas, que tem contribuído para uma mudança significativa das condições de vida das famílias, garantindo a segurança e soberania alimentar e a geração de trabalho e renda na comunidade.

Produção de defensivos naturais: tarefa cumprida

Finalizando com a compostagem


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Importância do Diagnóstico Rural Participativo - DRP para as aldeias Tremembé de Acaraú


Diagrama de Venn




O documento que apresentamos neste blog é o resultado das informações obtidas a partir do Diagnóstico Rural Participativo – DRP realizado pelos técnicos do Instituto Carnaúba e do CRAS nas aldeias Tremembé de Queimadas e Telhas, município de Acaraú, no início do  ano de 2010. O objetivo de publicarmos este documento, é mostrar a importância estratégica do DRP e das metodologias participativas para o diagnóstico, planejamento e ação racional e organizada para a solução dos problemas das comunidades, objetivando a construção de modelos mais sustentáveis de produção econômica e de qualidade de vida para populações indígenas. Além disso, o DRP realizado nas aldeias Tremembé de Acaraú tem contribuído para pautar as ações e projetos desenvolvidos nas duas aldeias por diversas instituições parceiras, corroborando o que foi diagnosticado pelas próprias comunidades indígenas.

No caso específico dos Tremembé de Acaraú, através de dinâmicas, formação de grupos e dos posicionamentos colocados durante o processo de mobilização, foi possível identificar as prioridades das comunidades, bem como a importância e a participação efetiva de algumas instituições apontadas pelos participantes. Além disso, foi pontuado também os fatores que dificultam o desenvolvimento das aldeias, sejam eles internos ou externos.

Segundo Miguel Verdejo, o Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento. Desta maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e analisar os seus conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planejamento e ação.

Além do objetivo de impulsionar a auto-análise e a autodeterminação de grupos comunitários, o propósito do DRP é a obtenção direta de informação primária ou de "campo" na comunidade. Esta é conseguida por meio de grupos representativos de seus membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado dos seus recursos naturais, sua situação econômica e social e outros aspectos importantes para a comunidade.

Veja aqui o DRP da Aldeia Queimadas

Veja aqui o DRP da Aldeia Telhas

CRAS e SETASE realizam casamento coletivo com indígenas de Telhas e Queimadas


Na noite de sábado, 25 de setembro de 2010, casais de Telhas e Queimadas participaram da cerimônia de casamento civil coletivo na escola indígena de Queimadas. 08 casais, sendo 06 de Telhas e 02 de Queimadas puderam realizar o sonho da oficialização do casamento. A iniciativa partiu dos próprios casais que no mês de julho solicitaram a ajuda do CRAS, que levou a demanda para a Secretaria de Assistência Social de Acaraú.

A projeção inicial era de que 18 casais iriam participar do evento, mas devido a morosidade do fórum, somente oito tiveram seus processos assinados, sendo que os demais deverão participar de outra cerimônia no cartório de Acaraú.

Os custos com a realização do evento ficaram por conta da Secretaria de Assistência Social. Depois da cerimônia foi servido um jantar para todos os presentes. O evento contou ainda o apoio da FUNAI que custeou parte da alimentação. Além da participação das famílias das duas aldeias, estiveram presentes técnicos e funcionários do CRAS, da Secretaria, FUNAI, Missão Tremembé, 3ª CREDE, entre outras instituições, que puderam congratular e desejar votos de felicidade aos casais. Este foi o primeiro casamento coletivo realizado numa aldeia indígena do município de Acaraú.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Produtores Indígenas de Queimadas investem no cultivo de produtos agroecológicos




Algumas famílias de Queimadas estão investindo no cultivo hortaliças e frutas de base agroecológica. Tudo começou há pouco mais de dez meses, após a participação dos agricultores no curso de Agroecologia, conforme citamos na postagem anterior. Ao longo desse tempo, eles tiveram acompanhamento do técnico Tiago Silva, do Instituto Carnaúba que vem orientando e dando suporte aos indígenas.
Outro fator de sucesso tem sido o caráter solidário do trabalho desenvolvido pelo grupo, trabalhando de forma coletiva. Em menos de um ano, os olericultores indígenas possuem dezenas de canteiros produzindo cheiro verde, tomate, pimentão, pimenta de cheiro, alface, couve-manteiga e cenoura. Junto com os canteiros de hortaliças, o grupo vem plantando diversas espécies frutíferas como banana, caju e mamão.


Canteiros de coentro margeados por cajueiros

Bananeiras: além de produzir frutas, servem como quebra-vento
 
Além da área de hortaliças, foram plantadas nos últimos meses, mais de 1.000 mudas de árvores frutíferas e espécies nativas. O objetivo do plantio das mudas, tem não somente a finalidade produtiva, econômica, mas também de recuperar a mata nativa que foi parcialmente destruída para a construção do Perímetro Irrigado. Enquanto as árvores estão pequenas, são cultivados feijão, milho, macaxeira e batata doce. Desta forma, a proposta sugerida pela equipe técnica que acompanha a comunidade indígena e que foi colocada em prática pelos indígenas é a de Sistemas Agroflorestais – SAF’s, onde juntamente com a atividade agrícola, são conservadas e plantadas novas árvores.

Implantando o SAF: área onde foram plantadas centenas de árvores junto com feijão, milho e macaxeira

Viveiro onde são produzidas mudas de várias espécies
Além disso, outra preocupação do grupo é a de recuperação da mata ciliar do Córrego do Amargoso, que passa dentro da Terra Indígena. Neste sentido, foram plantadas dezenas de árvores como carnaúba, oiticica, juazeiro e sabiá. Apesar das pouquíssimas chuvas do último inverno, as espécies continuam vivas. Espera-se que dentro de alguns anos, com a recuperação da mata ciliar, o córrego possa armazenar água por mais tempo durante o período seco.

Córrego do Amargoso no verão

Aldeias indígenas serão contempladas com projeto de Avicultura Básica financiado pelo BNB


As aldeias de Telhas e Queimadas foram contempladas com o projeto de Avicultura Básica financiado pelo BNB, através da Secretaria Municipal de Agricultura. No ano de 2009 a secretaria enviou o projeto para o BNB contemplando as aldeias de Telhas e Queimadas e a comunidade de Santa Fé. A proposta do projeto é focada na criação de galinha caipira. As comunidades poderão optar em criar galinhas para o abate ou para a postura.
O projeto contempla capacitação através de um curso, construção do galinheiro e acompanhamento técnico. Como primeira etapa do projeto, as famílias contempladas participaram do curso de capacitação em avicultura básica durante o mês de agosto. 
Nos dois cursos ministrados pelo Técnico em Agropecuária Sérgio Henrique, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, as famílias tiveram a oportunidade de aprender desde a construção do galinheiro, tipo e calendário de vacinação dos pintos e técnicas de produção de ração natural. As duas aldeias aguardam a liberação dos recursos para a execução das etapas seguintes que ocorrerá até o final de outubro.

Curso realizado em Telhas

Construção do galinheiro modelo em Telhas

Mulheres de Queimadas fazendo a cortina do gainheiro

Indígenas de Queimadas construindo o galinheiro